Mal podia aguardar aquele momento em que ouvia o som do interfone. Ainda na véspera punha-se em espera, demorava a pegar no sono, acordava de madrugada. Suspirava!
Ele vinha desde o prévio anúncio que a preparava para recebê-lo. O coração palpitava de ânsia e alegria misturadas ao desejo de quem anseia o objeto a ser tocado. Se era amor, não sabia. Mas não havia de ser outra coisa. Ficava suspensa no ar, dava voltas e mais voltas para acelerar o tempo que não lhe obedecia em troca de promessas.
Abraçava-a com a saudade de outras vidas, como se algo os tivesse separado há anos e anos, como se não pudesse perder um segundo de sua companhia que acontecia séculos e séculos depois de se perderem.
O beijo nos olhos, as bocas se encontrando, as quatro mãos a deslizarem; ele sôfrego.
“Quer água?”
“Não. Quero você.”
Depois aquele olhar brilhante de homem satisfeito. Como se a ela fosse concedido o poder de devolver-lhe a vida, a mocidade, a virilidade. Tudo.
“Um menino”, pensava. E mal podia esperar até que lhe batesse novamente à porta.