Olhei para todos os lados na vã tentativa de pedir que me dessem uma das mãos. Não existia sequer alma capaz de reconhecer quando alguém precisa de ajuda.
O orgulho é um grito mudo, um pedido abafado, um esforço tremendo de ser maior do que se é quando nem se sabe o próprio tamanho. Estava só, no mais escuro breu, e pude ouvir o estrondo ensurdecedor do silêncio que jaz dentro de mim.
Não podia correr para os braços de ninguém, nem mesmo de quem amava, porque todas as acusações me dilaceravam, me atingiam o centro do peito. Tinha de esconder a fraqueza para que não fosse usada como flechas contra mim. Era tão grande a fúria que me questionava ter escolhido para amar aquele de quem ouvia as piores palavras, os indiferentes olhares e a ausência de toques que mudamente ansiava.
Como supor receber o menos de quem me dispus a dar tanto? Carrego a dor aguda daquilo que vai desmoronando aos poucos, sem anestesia ou morfina. Desfeitos os sonhos, perdidas as ilusões, todas as fantasias jogadas no chão da sala onde amar poderia ter sido simples e nu.
A cama fria, vazia, o espaço aberto instando-me a abandonar tudo ao atingir o extremo limite da capacidade de suportar; os dias empurrando-me para o abismo do não ser, não pertencer, não sentir nada além do ar que atravessa os pulmões e deixa a boca seca no deserto das coisas negadas.